Congresso Internacional de Catequese
Cidade do Vaticano – Itália
Realizado no Ano da Fé, de 26 à 29 de Setembro de 2013.
COMVOCADOS A SERMOS DIÁCONOS DA VERDADE...
A catequese deve hoje procurar renovar a forma de transmitir
a fé, "com novas abordagens de ensino", através de uma
"reformulação de palavras" que facilitem a "compreensão"
dos catequizandos, numa adaptação à Nova Evangelização.
A Igreja embarcou num caminho da Nova
Evangelização, a catequese não pode permanecer com as mesmas características do
passado, mas deve renovar a sua forma de transmitir a fé, com novas abordagens
de ensino, após um diagnóstico sério da situação da fé hoje e como educar,
tomando em linha de conta o equilíbrio entre termos bíblicos doutrinais e a
necessária reformulação das palavras que facilita a compreensão daqueles que
são catequizados, sem trair o seu sentido profundo.
O secretário do Conselho Pontifício para a
Promoção da Nova Evangelização, o arcebispo Octavio Ruiz Arenas, que apresentou
o documento final, apontou o mundo digital e as redes sociais como instrumentos
que a Igreja deve utilizar para " fazer ouvir a mensagem do Evangelho no
mundo contemporâneo".
Os 1600 participantes, representando
51 países, reunidos desde quinta-feira, na sala Paulo VI, no Vaticano, ouviram
dizer que ser catequista é "uma vocação e não um trabalho", que a
pessoa transmissora de fé deve "testemunhar permanentemente" essa
mesma fé, com "criatividade".
O mundo de hoje exige
dos catequistas uma grande criatividade, simplicidade de vida, espírito de
oração, obediência e humildade, renúncia de si mesmo, muita generosidade e
autêntica caridade para todos, em particular com os pobres, aponta o arcebispo
Octavio Ruiz Arenas.
O congresso pediu aos catequistas
um "catecumenato sério", "não só como preparação para o
Batismo", mas como um "instrumento capaz de transformar de toda a
vida das pessoas".
Os participantes refletiram sobre a existência de
"muitas pessoas que dizem não acreditar, desconhecendo o conteúdo da
fé" e distanciando-se da Igreja, cabendo, por isso, aos catequistas a
"apresentação da pessoa de Cristo" com "clareza",
"confiança filial, com alegre segurança, com ardor e com humilde
audácia".
O documento sublinha ainda que a
catequese deve estar "profundamente unida à liturgia", também que a
Igreja é o primeiro "sujeito de evangelização" e que a transmissão de
fé deve ser feita com "palavras de vida" e não com "linguagem de
simples refrão de sobrevivência". Após a leitura das conclusões, D. Rino
Fisichella, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova
Evangelização, sem anunciar local e data do próximo encontro, referiu que
"estes congressos não terminam", e que "temas e ideias"
estão a "surgir" para dar continuidade ao trabalho.
Terminado o Congresso Internacional
de Catequese, os 1600 catequistas participantes juntam-se aos cerca de 20 mil
catequistas para a Peregrinação dos Catequistas, que teve o seu início na manhã
do sábado com catequeses em algumas igrejas de Roma.
Durante a tarde os vários grupos são
convidados a peregrinar ao túmulo do Apóstolo Pedro para a Professio Fidei, a
profissão de fé que cada catequista é convidado a realizar nesta peregrinação.
Domingo, o Papa Francisco presidiu à
Eucaristia que encerrou oficialmente o Congresso Internacional de Catequese
dedicado aos catequistas e enquadrado nas comemorações do Ano da Fé.
O Papa não quer catequistas
«transformados» em estátuas.
Sem medo. É esta a mensagem do
Papa Francisco a centenas de catequistas que se reuniram no Vaticano, no âmbito
do congresso internacional dos catequistas.
O apelo à coragem dos catequistas
tem como objetivo que estes se desloquem para as periferias e entrem em contanto
com outras pessoas.
Não tenham medo de sair. Se um
catequista se deixa tomar pelo medo, é um covarde! Se um catequista está
sossegado, acaba por ficar uma estátua de museu, e já temos muitas! Nada de
estátuas de museu!» salientou o sumo pontífice aos cerca de 1 600 catequistas
presentes.
Se um catequista é rígido,
torna-se encarquilhado e estéril. Pergunto-vos: algum de vós quer ser covarde,
estátua de museu ou estéril? Não? Ainda bem!» reforçou o Papa.
Na sua
homilia o Papa deixou-se inspirar pelas palavras do Profeta Amós que diz: “Ai
dos que vivem comodamente (…) e não se preocupam dos outros”. Palavras duras –
disse o Papa - mas que nos chamam a atenção para o perigo que todos corremos.
O
perigo de termos como centro de tudo apenas o nosso bem-estar, sem nos
preocuparmos com os outros, com os pobres; o perigo de - tal como o rico citado
no Evangelho - perdermos a nossa identidade de pessoa, o nosso rosto humano, e
de termos como rosto e como identidade apenas os nossos haveres. Mas porque é
que acontece isto, perguntou o Papa, respondendo que isto acontece quando
perdemos a memória de Deus:
“Se falta a memória de Deus, tudo se nivela pelo eu, pelo meu bem-estar. A
vida, o mundo, os outros perdem consistência, já não contam para nada, tudo se
reduz a uma única dimensão: o ter. Se perdemos a memória de Deus, também nós
mesmos perdemos consistência, também nós nos esvaziamos, perdemos o nosso
rosto, como o rico do Evangelho! Quem corre atrás do nada, torna-se ele próprio
nulidade – diz outro grande profeta, Jeremias. Estamos feitos à imagem e
semelhança de Deus, não das coisas, nem dos ídolos!”
E lançando o olhar à extensa Praça de São Pedro, repleta de catequistas
(entre os outros fiéis) o Papa perguntou-se:
“Quem é o catequista”? É aquele que
guarda a alimenta a memória de Deus; guarda-a em si mesmo e sabe despertá-lo
nos outros. É belo isto!”
É belo isto, prosseguiu o Papa,
referindo-se a Nossa Senhora que, depois de ter recebido o anuncio do Anjo de
que ia ser a mãe de Jesus, soube, de forma humilde e cheia de fé, fazer memória
de Deus.
A fé contém a memória de Deus, da
história de Deus conosco, do Deus que toma a iniciativa de salvar o homem -
continuou o Papa, afirmando que “o catequista é precisamente um cristão que
põe esta memória ao serviço do anuncio: não para dar nas vistas, nem para falar
de si, mas para falar de Deus, do seu amor, da sua fidelidade.
Falar e transmitir tudo o que Deus revelou,
isto é a Doutrina, isto é a doutrina na sua totalidade, sem cortar, nem
acrescentar”
O Papa
dirigiu-se diretamente aos catequistas:
“Amados catequistas pergunto-vos: Somos memória de Deus? Procedemos
verdadeiramente como sentinelas que despertam nos outros a memória de Deus, que
inflama o coração (…)? Que estrada seguir para não sermos pessoas “que vivem
comodamente”, que põem a sua segurança em si mesmos e nas coisas, mas homens e
mulheres da memória de Deus?”
Uma tarefa não fácil, a de
guardar memória de Deus e despertá-lo no
coração dos outros, pois que isto compromete a vida toda –continuou o Papa,
recordando que o próprio Catecismo não é senão memória de Deus, memória da sua ação
na História, presença de Cristo na sua Palavra… e aqui, Como resposta o Papa
sugeriu as indicações dadas por São Paulo na sua carta a Timóteo e que podem
caracterizar também o caminho do catequista, isto é: procurar a justiça, a
piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.
E rematou:
“O catequista é pessoa da memória de Deus, se tem uma relação constante, vital com Ele e com o próximo; se é pessoa de fé, que confia verdadeiramente em Deus e põe n’Ele a sua segurança; se é pessoa de caridade, de amor, que vê a todos como irmãos; se é pessoa de paciência e perseverança, que sabe enfrentar as dificuldades, as provas, os insucessos, com serenidade e esperança no Senhor; se é pessoa gentil, capaz de compreensão e de misericórdia”
No final da missa, e antes da oração mariana do Angelus, o Papa agradeceu todos, especialmente os catequistas vindos de tantas partes do mundo e dirigiu uma saudação particular a Sua Beatitude Youhanna X, Patriarca greco-ortodoxo de Antioquia de todo o Oriente, definindo-o irmão e dizendo que a sua presença nos convida a rezar mais uma vez para a paz na Síria e no Médio Oriente…
Saudou, entre outros, também um grupo de peregrinos de Assis vindos a Roma a cavalo, os peregrinos da Nicarágua, país que celebra o centenário da fundação canónica da Província eclesiástica… e concluiu recordando que sábado foi proclamado Beato na Croácia, Mirislav Bulevisic, sacerdote, morto como mártir em 1947.
E no meio dum tripudio de bandeirinhas amarelas e brancas, cartazes com frases saudando o Papa, rostos sorridentes e num pano de fundo de cânticos, o Papa foi dando a mão, saudando prelados, padres, catequistas, fieis… primeiro a pé e depois no automóvel papal até à Via da Concilição, cheinha de gentes de mãos no ar a acená-lo e saúda-lo com gritos de alegria…que bom foi viver esta experiência ao lado de mais 100.000 pessoas na praça São Pedro, marcas profundas que jamais o tempo vai apagar de minha memoria, minha alma e meu coração, abrigado a todos que ajudaram viver esta realidade, contem sempre com minhas orações.
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