quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

JÁ NÃO ESCRAVOS, MAS IRMÃOS

Mensagem do Papa Francisco para o 48º Dia Mundial da Paz (2015)



       1. No início dum novo ano, que acolhemos como uma graça e um dom de Deus para a humanidade, desejo dirigir, a cada homem e mulher, bem como a todos os povos e nações do mundo, aos chefes de Estado e de Governo e aos responsáveis das várias religiões, os meus ardentes votos de paz, que acompanho com a minha oração a fim de que cessem as guerras, os conflitos e os inúmeros sofrimentos provocados quer pela mão do homem quer por velhas e novas epidemias e pelos efeitos devastadores das calamidades naturais. Rezo de modo particular para que, respondendo à nossa vocação comum de colaborar com Deus e com todas as pessoas de boa vontade para a promoção da concórdia e da paz no mundo, saibamos resistir à tentação de nos comportarmos de forma não digna da nossa humanidade.
       Já, na minha mensagem para o 1º de Janeiro passado, fazia notar que «o anseio duma vida plena (…) contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar».1 Sendo o homem um ser relacional, destinado a realizar-se no contexto de relações interpessoais inspiradas pela justiça e a caridade, é fundamental para o seu desenvolvimento que sejam reconhecidas e respeitadas a sua dignidade, liberdade e autonomia. Infelizmente, o flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade. Tal fenômeno abominável, que leva a espezinhar os direitos fundamentais do outro e a aniquilar a sua liberdade e dignidade, assume múltiplas formas sobre as quais desejo deter-me, brevemente, para que, à luz da Palavra de Deus, possamos considerar todos os homens, «já não escravos, mas irmãos».
À ESCUTA DO PROJETO DE DEUS PARA A HUMANIDADE
       2. O tema, que escolhi para esta mensagem, inspira-se na Carta de São Paulo a Filémon; nela, o Apóstolo pede ao seu colaborador para acolher Onésimo, que antes era escravo do próprio Filémon mas agora tornou-se cristão, merecendo por isso mesmo, segundo Paulo, ser considerado um irmão. Escreve o Apóstolo dos gentios: «Ele foi afastado por breve tempo, a fim de que o recebas para sempre, não já como escravo, mas muito mais do que um escravo, como irmão querido» (Fm 15-16). Tornando-se cristão, Onésimo passou a ser irmão de Filémon. Deste modo, a conversão a Cristo, o início duma vida de discipulado em Cristo constitui um novo nascimento (cf. 2 Cor 5, 17; 1 Ped 1, 3), que regenera a fraternidade como vínculo fundante da vida familiar e alicerce da vida social.
       Lemos, no livro do Gênesis (cf. 1, 27-28), que Deus criou o ser humano como homem e mulher e abençoou-os para que crescessem e se multiplicassem: a Adão e Eva, fê-los pais, que, no cumprimento da bênção de Deus para ser fecundos e multiplicar-se, geraram a primeira fraternidade: a de Caim e Abel. Saídos do mesmo ventre, Caim e Abel são irmãos e, por isso, têm a mesma origem, natureza e dignidade de seus pais, criados à imagem e semelhança de Deus.
       Mas, apesar de os irmãos estarem ligados por nascimento e possuírem a mesma natureza e a mesma dignidade, a fraternidade exprime também a multiplicidade e a diferença que existe entre eles. Por conseguinte, como irmãos e irmãs, todas as pessoas estão, por natureza, relacionadas umas com as outras, cada qual com a própria especificidade e todas partilhando a mesma origem, natureza e dignidade. Em virtude disso, a fraternidade constitui a rede de relações fundamentais para a construção da família humana criada por Deus.
       Infelizmente, entre a primeira criação narrada no livro do Gênesis e o novo nascimento em Cristo – que torna, os crentes, irmãos e irmãs do «primogênito de muitos irmãos» (Rm 8, 29) –, existe a realidade negativa do pecado, que interrompe tantas vezes a nossa fraternidade de criaturas e deforma continuamente a beleza e nobreza de sermos irmãos e irmãs da mesma família humana. Caim não só não suporta o seu irmão Abel, mas mata-o por inveja, cometendo o primeiro fratricídio. «O assassinato de Abel por Caim atesta, tragicamente, a rejeição radical da vocação a ser irmãos. A sua história (cf. Gn 4, 1-16) põe em evidência o difícil dever, a que todos os homens são chamados, de viver juntos, cuidando uns dos outros».
       Também na história da família de Noé e seus filhos (cf. Gen 9, 18-27), é a falta de piedade de Cam para com seu pai, Noé, que impele este a amaldiçoar o filho irreverente e a abençoar os outros que o tinham honrado, dando assim lugar a uma desigualdade entre irmãos nascidos do mesmo ventre.
       Na narração das origens da família humana, o pecado de afastamento de Deus, da figura do pai e do irmão torna-se uma expressão da recusa da comunhão e traduz-se na cultura da servidão (cf. Gen 9, 25-27), com as consequências daí resultantes que se prolongam de geração em geração: rejeição do outro, maus-tratos às pessoas, violação da dignidade e dos direitos fundamentais, institucionalização de desigualdades. Daqui se vê a necessidade duma conversão contínua à Aliança levada à perfeição pela oblação de Cristo na cruz, confiantes de que, «onde abundou o pecado, superabundou a graça (…) por Jesus Cristo» (Rm 5, 20.21). Ele, o Filho amado (cf. Mt 3, 17), veio para revelar o amor do Pai pela humanidade. Todo aquele que escuta o Evangelho e acolhe o seu apelo à conversão, torna-se, para Jesus, «irmão, irmã e mãe» (Mt 12, 50) e, consequentemente, filho adotivo de seu Pai (cf. Ef 1, 5).
       No entanto, os seres humanos não se tornam cristãos, filhos do Pai e irmãos em Cristo por imposição divina, isto é, sem o exercício da liberdade pessoal, sem se converterem livremente a Cristo. Ser filho de Deus requer que primeiro se abrace o imperativo da conversão: «Convertei-vos – dizia Pedro no dia de Pentecostes – e peça cada um o batismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis, então, o dom do Espírito Santo» (At 2, 38). Todos aqueles que responderam com a fé e a vida àquela pregação de Pedro, entraram na fraternidade da primeira comunidade cristã (cf. 1 Pd 2, 17; Act 1, 15.16; 6, 3; 15, 23): judeus e gregos, escravos e homens livres (cf. 1 Cor 12, 13; Gl 3, 28), cuja diversidade de origem e estado social não diminui a dignidade de cada um, nem exclui ninguém do povo de Deus. Por isso, a comunidade cristã é o lugar da comunhão vivida no amor entre os irmãos (cf. Rm 12, 10; 1 Ts 4, 9; Hb 13, 1; 1 Pd 1, 22; 2 Pd 1, 7).
       Tudo isto prova como a Boa Nova de Jesus Cristo – por meio de Quem Deus «renova todas as coisas» (Ap 21, 5)3 – é capaz de redimir também as relações entre os homens, incluindo a relação entre um escravo e o seu senhor, pondo em evidência aquilo que ambos têm em comum: a filiação adotiva e o vínculo de fraternidade em Cristo. O próprio Jesus disse aos seus discípulos: «Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai» (Jo 15, 15).
AS MÚLTIPLAS FACES DA ESCRAVATURA, ONTEM E HOJE
3. Desde tempos imemoriais, as diferentes sociedades humanas conhecem o fenômeno da sujeição do homem pelo homem. Houve períodos na história da humanidade em que a instituição da escravatura era geralmente admitida e regulamentada pelo direito. Este estabelecia quem nascia livre e quem, pelo contrário, nascia escravo, bem como as condições em que a pessoa, nascida livre, podia perder a sua liberdade ou recuperá-la. Por outras palavras, o próprio direito admitia que algumas pessoas podiam ou deviam ser consideradas propriedade de outra pessoa, a qual podia dispor livremente delas; o escravo podia ser vendido e comprado, cedido e adquirido como se fosse uma mercadoria qualquer.
       Hoje, na sequência duma evolução positiva da consciência da humanidade, a escravatura – delito de lesa humanidade4 – foi formalmente abolida no mundo. O direito de cada pessoa não ser mantida em estado de escravidão ou servidão foi reconhecido, no direito internacional, como norma irrevogável.
       Mas, apesar de a comunidade internacional ter adotado numerosos acordos para pôr termo à escravatura em todas as suas formas e ter lançado diversas estratégias para combater este fenômeno, ainda hoje milhões de pessoas – crianças, homens e mulheres de todas as idades – são privadas da liberdade e constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravatura.
       Penso em tantos trabalhadores e trabalhadoras, mesmo menores, escravizados nos mais diversos setores, a nível formal e informal, desde o trabalho doméstico ao trabalho agrícola, da indústria manufatureira à mineração, tanto nos países onde a legislação do trabalho não está conforme às normas e padrões mínimos internacionais, como – ainda que ilegalmente – naqueles cuja legislação protege o trabalhador.
       Penso também nas condições de vida de muitos migrantes que, ao longo do seu trajeto dramático, padecem a fome, são privados da liberdade, despojados dos seus bens ou abusados física e sexualmente. Penso em tantos deles que, chegados ao destino depois duma viagem duríssima e dominada pelo medo e a insegurança, ficam detidos em condições às vezes desumanas. Penso em tantos deles que diversas circunstâncias sociais, políticas e econômicas impelem a passar à clandestinidade, e naqueles que, para permanecer na legalidade, aceitam viver e trabalhar em condições indignas, especialmente quando as legislações nacionais criam ou permitem uma dependência estrutural do trabalhador migrante em relação ao dador de trabalho como, por exemplo, condicionando a legalidade da estadia ao contrato de trabalho… Sim! Penso no «trabalho escravo».
       Penso nas pessoas obrigadas a prostituírem-se, entre as quais se contam muitos menores, e nas escravas e escravos sexuais; nas mulheres forçadas a casar-se, quer as que são vendidas para casamento quer as que são deixadas em sucessão a um familiar por morte do marido, sem que tenham o direito de dar ou não o próprio consentimento.
       Não posso deixar de pensar a quantos, menores e adultos, são objeto de tráfico e comercialização para remoção de órgãos, para ser recrutados como soldados, para servir de pedintes, para atividades ilegais como a produção ou venda de drogas, ou para formas disfarçadas de adoção internacional.
       Penso, enfim, em todos aqueles que são raptados e mantidos em cativeiro por grupos terroristas, servindo os seus objetivos como combatentes ou, especialmente no que diz respeito às meninas e mulheres, como escravas sexuais. Muitos deles desaparecem, alguns são vendidos várias vezes, torturados, mutilados ou mortos.
ALGUMAS CAUSAS PROFUNDAS DA ESCRAVATURA
       4. Hoje como ontem, na raiz da escravatura, está uma concepção da pessoa humana que admite a possibilidade de a tratar como um objeto. Quando o pecado corrompe o coração do homem e o afasta do seu Criador e dos seus semelhantes, estes deixam de ser sentidos como seres de igual dignidade, como irmãos e irmãs em humanidade, passando a ser vistos como objetos. Com a força, o engano, a coação física ou psicológica, a pessoa humana – criada à imagem e semelhança de Deus – é privada da liberdade, mercantilizada, reduzida a propriedade de alguém; é tratada como meio, e não como fim.
       Juntamente com esta causa ontológica – a rejeição da humanidade no outro –, há outras causas que concorrem para se explicar as formas atuais de escravatura. Entre elas, penso em primeiro lugar na pobreza, no subdesenvolvimento e na exclusão, especialmente quando os três se aliam com a falta de acesso à educação ou com uma realidade caracterizada por escassas, se não mesmo inexistentes, oportunidades de emprego. Não raro, as vítimas de tráfico e servidão são pessoas que procuravam uma forma de sair da condição de pobreza extrema e, dando crédito a falsas promessas de trabalho, caíram nas mãos das redes criminosas que gerem o tráfico de seres humanos. Estas redes utilizam habilmente as tecnologias informáticas modernas para atrair jovens e adolescentes de todos os cantos do mundo.
       Entre as causas da escravatura, deve ser incluída também a corrupção daqueles que, para enriquecer, estão dispostos a tudo. Na realidade, a servidão e o tráfico das pessoas humanas requerem uma cumplicidade que muitas vezes passa através da corrupção dos intermediários, de alguns membros das forças da polícia, de outros setores do Estado ou de variadas instituições, civis e militares. «Isto acontece quando, no centro de um sistema econômico, está o deus dinheiro, e não o homem, a pessoa humana. Sim, no centro de cada sistema social ou econômico, deve estar a pessoa, imagem de Deus, criada para que fosse o dominador do universo. Quando a pessoa é deslocada e chega o deus dinheiro, dá-se esta inversão de valores».
       Outras causas da escravidão são os conflitos armados, as violências, a criminalidade e o terrorismo. Há inúmeras pessoas raptadas para ser vendidas, recrutadas como combatentes ou exploradas sexualmente, enquanto outras se vêem obrigadas a emigrar, deixando tudo o que possuem: terra, casa, propriedades e mesmo os familiares. Estas últimas, impelidas a procurar uma alternativa a tão terríveis condições, mesmo à custa da própria dignidade e sobrevivência, arriscam-se assim a entrar naquele círculo vicioso que as torna presa da miséria, da corrupção e das suas consequências perniciosas.
UM COMPROMISSO COMUM PARA VENCER A ESCRAVATURA
5. Quando se observa o fenômeno do comércio de pessoas, do tráfico ilegal de migrantes e de outras faces conhecidas e desconhecidas da escravidão, fica-se frequentemente com a impressão de que o mesmo tem lugar no meio da indiferença geral.
            Sem negar que isto seja, infelizmente, verdade em grande parte, apraz-me mencionar o enorme trabalho que muitas congregações religiosas, especialmente femininas, realizam silenciosamente, há tantos anos, a favor das vítimas. Tais institutos atuam em contextos difíceis, por vezes dominados pela violência, procurando quebrar as cadeias invisíveis que mantêm as vítimas presas aos seus traficantes e exploradores; cadeias, cujos elos são feitos não só de subtis mecanismos psicológicos que tornam as vítimas dependentes dos seus algozes, através de chantagem e ameaça a eles e aos seus entes queridos, mas também através de meios materiais, como a apreensão dos documentos de identidade e a violência física. A atividade das congregações religiosas está articulada a três níveis principais:
·         o socorro às vítimas, a sua reabilitação sob o perfil psicológico e formativo e a sua reintegração na sociedade de destino ou de origem.
       Este trabalho imenso, que requer coragem, paciência e perseverança, merece o aplauso da Igreja inteira e da sociedade. Naturalmente o aplauso, por si só, não basta para se pôr termo ao flagelo da exploração da pessoa humana. Faz falta também um tríplice empenho a nível institucional:
·         prevenção, proteção das vítimas e ação judicial contra os responsáveis. Além disso, assim como as organizações criminosas usam redes globais para alcançar os seus objetivos, assim também a ação para vencer este fenômeno requer um esforço comum e igualmente global por parte dos diferentes setores que compõem a sociedade.
       Os Estados deveriam vigiar por que as respectivas legislações nacionais sobre as migrações, o trabalho, as adoções, a transferência das empresas e a comercialização de produtos feitos por meio da exploração do trabalho sejam efetivamente respeitadoras da dignidade da pessoa. São necessárias leis justas, centradas na pessoa humana, que defendam os seus direitos fundamentais e, se violados, os recuperem reabilitando quem é vítima e assegurando a sua incolumidade, como são necessários também mecanismos eficazes de controle da correta aplicação de tais normas, que não deixem espaço à corrupção e à impunidade. É preciso ainda que seja reconhecido o papel da mulher na sociedade, intervindo também no plano cultural e da comunicação para se obter os resultados esperados.
       As organizações intergovernamentais são chamadas, no respeito pelo princípio da subsidiariedade, a implementar iniciativas coordenadas para combater as redes transnacionais do crime organizado que gerem o mercado de pessoas humanas e o tráfico ilegal dos migrantes. Torna-se necessária uma cooperação a vários níveis, que englobe as instituições nacionais e internacionais, bem como as organizações da sociedade civil e do mundo empresarial.
       Com efeito, as empresas6 têm o dever não só de garantir aos seus empregados condições de trabalho dignas e salários adequados, mas também de vigiar por que não tenham lugar, nas cadeias de distribuição, formas de servidão ou tráfico de pessoas humanas. A par da responsabilidade social da empresa, aparece depois a responsabilidade social do consumidor. Na realidade, cada pessoa deveria ter consciência de que «comprar é sempre um acto moral, para além de econômico».
       As organizações da sociedade civil, por sua vez, têm o dever de sensibilizar e estimular as consciências sobre os passos necessários para combater e erradicar a cultura da servidão.
       Nos últimos anos, a Santa Sé, acolhendo o grito de sofrimento das vítimas do tráfico e a voz das congregações religiosas que as acompanham rumo à libertação, multiplicou os apelos à comunidade internacional pedindo que os diversos setores unam os seus esforços e cooperem para acabar com este flagelo.8 Além disso, foram organizados alguns encontros com a finalidade de dar visibilidade ao fenômeno do tráfico de pessoas e facilitar a colaboração entre os diferentes setores, incluindo peritos do mundo acadêmico e das organizações internacionais, forças da polícia dos diferentes países de origem, trânsito e destino dos migrantes, e representantes dos grupos eclesiais comprometidos em favor das vítimas. Espero que este empenho continue e se reforce nos próximos anos.
GLOBALIZAR A FRATERNIDADE, NÃO A ESCRAVIDÃO NEM A INDIFERENÇA
6. Na sua atividade de «proclamação da verdade do amor de Cristo na sociedade», a Igreja não cessa de se empenhar em ações de caráter caritativo guiada pela verdade sobre o homem. Ela tem o dever de mostrar a todos o caminho da conversão, que induz a voltar os olhos para o próximo, a ver no outro – seja ele quem for – um irmão e uma irmã em humanidade, a reconhecer a sua dignidade intrínseca na verdade e na liberdade, como nos ensina a história de Josefina Bakhita, a Santa originária da região do Darfur, no Sudão. Raptada por traficantes de escravos e vendida a patrões desalmados desde a idade de nove anos, haveria de tornar-se, depois de dolorosas vicissitudes, «uma livre filha de Deus» mediante a fé vivida na consagração religiosa e no serviço aos outros, especialmente aos pequenos e fracos. Esta Santa, que viveu a cavalo entre os séculos XIX e XX, é também hoje testemunha exemplar de esperança para as numerosas vítimas da escravatura e pode apoiar os esforços de quantos se dedicam à luta contra esta «ferida no corpo da humanidade contemporânea, uma chaga na carne de Cristo».
       Nesta perspectiva, desejo convidar cada um, segundo a respectiva missão e responsabilidades particulares, a realizar gestos de fraternidade a bem de quantos são mantidos em estado de servidão. Perguntemo-nos, enquanto comunidade e indivíduo, como nos sentimos interpelados quando, na vida cotidiana, nos encontramos ou lidamos com pessoas que poderiam ser vítimas do tráfico de seres humanos ou, quando temos de comprar, se escolhemos produtos que poderiam razoavelmente resultar da exploração de outras pessoas. Há alguns de nós que, por indiferença, porque distraídos com as preocupações diárias, ou por razões econômicas, fecham os olhos. Outros, pelo contrário, optam por fazer algo de positivo, comprometendo-se nas associações da sociedade civil ou praticando no dia-a-dia pequenos gestos como dirigir uma palavra, trocar um cumprimento, dizer «bom dia» ou oferecer um sorriso; estes gestos, que têm imenso valor e não nos custam nada, podem dar esperança, abrir estradas, mudar a vida a uma pessoa que tateia na invisibilidade e mudar também a nossa vida face a esta realidade.
       Temos de reconhecer que estamos perante um fenômeno mundial que excede as competências de uma única comunidade ou nação. Para vencê-lo, é preciso uma mobilização de dimensões comparáveis às do próprio fenômeno. Por esta razão, lanço um veemente apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade e a quantos, mesmo nos mais altos níveis das instituições, são testemunhas, de perto ou de longe, do flagelo da escravidão contemporânea, para que não se tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos sofrimentos de seus irmãos e irmãs em humanidade, privados de liberdade e dignidade, mas tenham a coragem de tocar a carne sofredora de Cristo, o Qual se torna visível através dos rostos inumeráveis daqueles a quem Ele mesmo chama os «meus irmãos mais pequeninos» (Mt 25, 40.45).
       Sabemos que Deus perguntará a cada um de nós: Que fizeste do teu irmão? (cf. Gn 4, 9-10). A globalização da indiferença, que hoje pesa sobre a vida de tantas irmãs e de tantos irmãos, requer de todos nós que nos façamos artífices duma globalização da solidariedade e da fraternidade que possa devolver-lhes a esperança e levá-los a retomar, com coragem, o caminho através dos problemas do nosso tempo e as novas perspectivas que este traz consigo e que Deus coloca em nossas mãos.
Vaticano, 8 de Dezembro de 2014.


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

FINAL DE ANO


AMIGOS (AS) PAROQUIANOS (AS)!!!
          É muito bom atar e reatar laços com você, a cada atividade realizada, e nos reencontrarmos reciprocamente no desejo de sermos construtores do Reino.
     “Inquilinos do tempo”, chegamos ao final de mais um ano e deparamos com 2015 e seus apelos ainda misteriosos, mas que acionam nossa esperança.
    Certamente temos muitas razões para cantar como o salmista: “Senhor, eu te agradeço se todo coração, proclamando todas as tuas maravilhas! Eu me alegro e exulto em ti, e toco ao teu Nome, ó Altíssimo!” (Sl 9,2-3). Podemos elencar algumas:
·         A dedicação de tantos agentes de pastoral, que colocam à disposição seus talentos;
·        Pelos 10 anos que Pe. Gabriel esteve conosco, nos fortalecendo e animando com seu testemunho; e pelo seu chamado de retorno à Casa do Pai, de forma serena;
·         Pela presença do Diácono Vagner Pedroso, que muito nos auxiliou;
·  A disponibilidade do Pe. Cido, pelo seu atendimento pastoral à nossa Comunidade;
·         A celebração dos 70 anos de implantação de nossa Diocese, em 7 de junho, com uma memorável festa;
·         Pelo esforço na busca do 1º Plano Pastoral Paroquial;
·         O presente da exortação apostólica “A ALEGRIA DO EVANGELHO”, do papa Francisco, um grande alento para toda a ação evangelizadora da Igreja, confirmando a infinita misericórdia do Pai e que todo sentido da vida deve estar alicerçado na Boa Nova de Jesus Cristo.

     Enfim, tantos outros acontecimentos que deu-nos a certeza de que Deus continua realizando maravilhas, em seu caminhar conosco.

    Por isso como os pastores acorramos, jubilosos a Belém, depositamos na manjedoura frutos generosos e demos glória grande mistério da Encarnação, que fundamenta todo o esforço de unirmos fé e a vida, na vivência da comunidade.
   Entregamos também as falhas do caminhar, omissões e desânimos, na certeza de que, revestidos pela luz do Deus Menino, seremos iluminados para iluminar no ano novo que está às portas.
   Feliz e Santo Natal! Um Ano Novo cheio de alegria, esperança, fé e muito ânimo no serviço pastoral!

           
  
Meu abraço, carinho, amizade e minha bênção a você e toda sua família,
       Diác. Flori


sábado, 20 de dezembro de 2014

ULTIMO DOMINGO DO ADVENTO

4º DOMINGO DO ADVENTO (21/12/2014)
A Ele, o Único Deus, o Sábio por meio de Jesus Cristo, a glória pelos séculos dos séculos. Amém!” (Rm 16,27)
         
Eis! Estamos no último dos quatro Domingos do Santo Advento! Estamos já em plena Semana Santa do Natal, iniciado dia 15 de dezembro. A Igreja, agora é toda atenção, toda contemplação do mistério da Encarnação, preparando-se para a celebração do Natal do Senhor. Sua vinda é nossa salvação, Sua chegada é o anúncio da esperança a todos os povos, a toda a humanidade, a anual celebração do Seu Natal recorda-nos que nosso Deus não [é de longe, mas de perto, de pertinho da humanidade toda e de cada um de nós. O Filho eterno do Pai fez-se homem para encher de Vida divina a nossa existência humana. É este o Mistério de que fala São Paulo na segunda leitura da liturgia de hoje: Mistério mantido em sigilo desde sempre. Agora este Mistério foi manifestado e... conforme determinação do Deus Eterno, foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé!” Antes, parecia que Deus era Deus somente de Israel, esquecendo os outros povos, a grande massa da humanidade. Agora, não! Com a aproximação do Natal, contemplamos a benevolência de Deus para toda a humanidade: no segredo do Seu coração havia um amoroso e misterioso projeto:SALVAR  TODA A HUMANIDADE PELO FRTUO QUE HAVERIA DE VIR DA RAÇA DE ISRAEL, DA TRIBO DE JUDÁ, DA CADA DE DAVI. .
          O que nos deve encantar neste Domingo, não é somente a grandiosidade desse Mistério, dessa surpresa de um Deus que, desde sempre, preocupou-se com toda a humanidade e não só com Israel...o que nos deve encantar é também o modo como o Senhor realiza o Seu desígnio: ELE AGE NO ESCONDIDO DA HISTÓRIA HUMANA, NO PEQUENINO DE NOSSA VIDAS, NAS HUMILDES DECISÕES DE NOSSA EXISTÊNCIA. Pensemos bem! Primeiro, o rei Davi, humilde pastor de Belém, mas novo dos muitos filhos do velho Jessé. E Deus escolheu: para rei e para dele fazer uma dinastia, da qual nasceria o Santo Messias. Davi, que desejava humildemente construir uma Casa, um Templo para o Senhor, fica sabendo que é Deus quem lhe construirá uma Casa, isto é, uma Dinastia, uma descendência, da qual nascerá Aquele bendito Descendente que enche de alegria o nosso coração: “O Senhor te anuncia que te fará uma casa. Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre”! Eis a bondade do Senhor, que de um simples pastorzinho fará nascer o Salvador que reina para sempre. Depois, podemos pensar em José, naquele que tinha recebido como prometida uma virgem mocinha, chamada Maria. José, homem simples, moço de Deus, membro pobre da família real de Davi, simples artesão, que vivia na justiça do Senhor, praticando a Lei do Deus de Israel. E o Senhor misteriosamente o escolhe para ser o esposo daquela na qual se cumprirá as palavras do Senhor. Recordemo-nos do Evangelho segundo São Mateus: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois Ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1,20-21). Pobre José! Bendito José! Jamais esperaria tal coisa, tal gesto imprevisto do Santo de Israel! Ele um simples carpinteiro, cuidador, tutor, guardador, de um filho que não seria seu filho! Ele escutaria, doravante, o Filho eterno dom eterno Pai, chamá-lo de pai!
      
   Finalmente, pensemos em Maria. Aqui a surpresa de Deus chega ao máximo. Uma jovenzinha pobre, uma virgem sem nome importante, perdida nas montanhas do norte da Terra Santa, em Nazaré da Galiléia. E o Senhor Deus lhe dirige a palavra, faz-lhe a mais estonteante proposta que um pobre filho de Eva jamais escutará: SER, VIGINALMENTE, A MÃE DO MESSIAS, A MÃE DO FILHO DE DEUS, A TERRA BENDITA E SANTA NA QUAL A RAIZ DE JESSÉ, O REBENTO PROMETIDO; SER A DOCE AURORA DO DIA SEM FIM, SER A ESTRELA D’ALVA QUE PRENUUNCIA O SOL ETERNO! “Alegra-te, Cheia de Graça! O Senhor é contigo, Virgem Maria! Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus!” São Bernardo de Claraval, no século XII, imaginado este encontro inaudito, entre a Virgem e o Anjo, diz a Nossa Senhora: Ouviste, ó Virgem, que vais conceber e dar à luz um filho, não por obra de homem, mas do Espírito Santo. O Anjo espera tua resposta. Também nós, Senhora, miseravelmente esmagados por uma sentença de condenação, esperamos tua palavra de misericórdia. Eis que te é oferecido o preço da nossa salvação; se consentes, seremos livres; com uma breve resposta tua seremos chamados à vida! Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão expulso do paraíso com a sua misera descendência, i,plora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepasssados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés. E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, asalvação de todos os filhos de Adão, de toda raça. Apressa-te, os Virgem, em dar a tua resposta! Por que demoras? Por que hesitas? Crê, consente, recebe! Abre, Virgem santa, teu coração à fé, teus lábios  ao consentimento, teu seio ao Criador. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento: “Eis-me, aqui a serva do Senhor, diz a Virgem; faça-se em mim segundo a tua palavra!”.

         Eis o tão grande plano de Deus, tão grande salvação, deu-se na simplicidade de vidas humanas que foram dizendo SIM ao Senhor, que foram se abrindo para Ele nas pequenas e escondidas ocasiões da vida: MARIA, A VIRGEM, JOSÉ, O POBRE DESCENDENTE DE DAVI, DAVI, O PASTOR QUE SE TORNOU REI. E agora- ainda o Senhor vem e nos convida a nós- a mim e a você- a que abramos nossa vida, nosso pequeno cotidiano, para Sua Presença. Através de cada um de nós Ele deseja continuar a obra de Sua salvação, a marca da Sua Presença neste mundo enfermos e cansado.

       
  Virgem Mãe de Deus, São José, esposo da Virgem, São Davi, rei e profeta, intercedei por nós, para que sejamos dóceis e úteis instrumentos da salvação que Deus hoje quer revelar e atuar no coração dos homens e do mundo. Que através de nossa pobre vida, vivida com disponibilidade, o Senhor Jesus seja visto no nosso mundo tão confuso, tão disperso, tão superficial e ameaçado por tantas trevas!


D. Henrique Soares Castro

domingo, 14 de dezembro de 2014

TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO



Irmãos, estai sempre alegres! Orem sem cessar. Daí graças em todas as circunstancias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (Ts 5,16-18)

            O terceiro domingo do Advento, no qual pode ser usado a cor litúrgica roxo ou o róseo é chamado DOMINGO GAUDETE Isto se dá em virtude do intróito (O “Intróito” seria o “canto inicial” da Missa, acompanhado pela melodia gregoriana. No ambiente paroquial esse “introito” é quase sempre substituído por um canto popular) da Missa desse dia que, em latim, se diz Gaudete in Domingo sempre iteumdico, gaudete. Domingo eninprope est. Trata-se de um trecho de Filipenses 4,4-5 que, traduzido significa Alegrai-vos sempre no Senhor, isto mesmo vos digo, alegrai-vos. O Senhor está perto. Como o verbo iniciail é o verbo gaudere, que no imperativo fica gaudete,  essa primeira palavra acabou dando o “nome” a esse domingo. Nesse domingo, semelhante o que acontece no domingo Laetare, na Quaresma, nos alegramos pela proximidade da grande solenidade que estamos a esperar, no caso o Natal do Senhor.
           
            A primeira leitura, um trecho chamado “Trito-Isaias”, nos apresenta nos dois primeiros versículos, a vocação do profeta. O profeta foi ungido, ou seja tornou-se um “Messias”, foi envolvido com o espírito de Deus para anunciar a boa nova aos pobres, curar as feridas da alma, pregar a redenção dos cativos, dar liberdade aos presos, a proclamar um ano de graça do Senhor, O segundo trecho lido nesta liturgia, os vv. 10-11, trazendo uma ação de graças. Para expressar a intensidade de sua ação de graças o autor sagrado utiliza, como é próprio no hebraico, a expressão Exultando, exultei”, que em português, o nosso lecionário traduz como Exultando de alegria”. O autor sagrado quer destacar a alegria do profeta, que percebe a salvação vinda de Deus como uma “veste”  de salvação, como um “manto” de justiça, como os “adornos de uma noiva ou de um noivo”. Por fim, a leitura termina com a proclamação da ação gloriosa de Deus, que fará sua “justiça” e seu “louvor” aparecer na terra diante de todas as nações. O texto do lecionário traz o tema hebraico “theilá” por glória, embora o seu sentido seja “oração de louvor”.
            Essa leitura, está conectada com o mistério que estamos para celebrar. A justiça de Deus, o seu louvor, é o Cristo, que, no mistério do seu Natal, foi manifestado na terra adiante de todas as nações. Em Cristo é que a justiça do Pai, que é Salvação, se manifestou para nós. O sacrifício do Senhor, sua cruz, foi o máximo de louvor oferecido ao Pai no Espírito. A liturgia da Igreja é sempre atualização desse mistério único, porque só assim o Pai pode ser perfeitamente louvado. Em Lc 4, 18-21, Jesus vai dizer que essa profecia se realizou plenamente Nele.
         
   Assim sendo podemos já nas proximidades da celebração do nascimento do Salvador nos unir a Maria, no sei canto de ação de graças. O Salmo Responsorial desse domingo é formado por versículos do Magnificat que, embora não seja um salmo, é um cântico de louvor encaixado dentro da narrativa do terceiro evangelho. Ali Maria canta a Deus seu louvor, porque Ele voltou seu olha para os humildes, para os sedentos de justiça. No Magnificat Maria reconhece a grandeza de Deus que operou nela maravilhas. Com Maria devemos alegrar-nos, atendendo ao convite do apóstolo na segunda leitura: Estai sempre alegres! Orai sem cessar. Daí graças em todas as circunstancias, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo”. E o motivo da nossa alegria é a chegada do esperado das nações” (Cf. Gn 49,10)
            O evangelho de hoje nos faz olhar mais uma vez para a figura de João Batista. Os vv. 6-8 pertencem ao chamado “prólogo de João” onde o evangelista desenvolve o tema da pré-existência de Cristo: “No principio era o Verbo...” Ouvimos hoje os dois versículos do prólogo que fazem menção a João. João veio como “testemunha”,  para dar “testemunho da luz”. João não era a luz, mas veio dar “testemunho da luz”.
            Nos versículos 19 a 28 temos a descrição do seu testemunho. João começa dizendo que João Batista veio como testemunha e, agora, ele descreve como que concretamente esse testemunho se deu. João está batizando e, ao ser perguntado se ele era o Messias ou o profeta, pronta e humildemente ele nega e diz a verdade sobre si mesmo: “Eu sou a voz que grita no deserto, aplanai o caminho do Senhor”.
João Batista, anuncia ainda que o seu batismo é prefiguração de um outro porque depois virá alguém maior, do qual ele se sabe indigno de desatar até mesmo a correia dos calçados.
            Somos chamados nesse tempo do Advento a imitáramos as virtudes das personagens bíblicas com as quais vamos travando contato através da escuta cotidiana da Palavra de Deus. João Batista é, sem dúvida, uma figura eminente. Assim como ele, também nós somos chamados a ser “testemunhas da luz”. A luz é o Cristo. O próprio Credo Niceno-Constantinopolitando nos ilustra isso quando diz que Ele, o Cristo é “Luz da Luz”. Ele veio iluminar os homens, mas quer escolher alguns para serem suas testemunhas. Não somos a luz, não somos perfeitos, erramos e muito, mas devemos buscar acertar e jamais podemos nos calar e deixar de testemunhar.
            O testemunho pode sair caro, pode custar a nossa própria vida. Foi assim, ao menos, com João batista, mas o medo não pode nos paralisar. Se Deus quer contar conosco devemos nos engajar no seu projeto amoroso a fim de sermos suas autenticas testemunhas.
            Assim como João precisamos reconhecer a verdade sobre nós mesmos. Nós não somos os salvadores, mas somos servos daquele que veio nos salvar. Nós não somos a verdade, mas somos mensageiros da VERDADE, Cristo, que quer contar conosco para levarmos adiante a Boa Nova do seu Evangelho.
            Que os dias que ainda restam neste tempo de Advento sejam uma oportunidade para nos encontramos com a VERDADE que é o Cristo. Que Ele que é Luz, ilumine as trevas do nosso coração, e nos leve a uma atitude firme e verdadeira de conversão. Que sejamos suas “testemunhas” a fim de espalharmos no mundo a Boa Nova da salvação





quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

MISSA DA PADROEIRA


Celebração eucarística NA SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE NOSSA SENHORA (2014/08/12)

"Alegra-te Cheia de graça, o Senhor ESTÁ contigo" (Lc 1, 28)

            A Imaculada Conceição de Maria exprime a grandeza da graça de Deus Que, AO nsa purificar do Pecado, em Cristo, Torna-SOE Participantes da vida divina. E SUA graça E dom oferecido desde a Criação, gera Que vida e BONDADE. O Exemplo de Maria Ao aceitar a Vontade de Deus, Ensina-nsa Que Só Nele encontramos o Caminho da Vida Verdadeira.

            Que em Cada eucaristia that participamos possamos conscientizar nsa Que Estamos em Processo de Conversão e aprendermos com o Testemunho de Maria Imaculada that SERVIR E o itinerário da Vida Cristã.













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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

TEMPO DO ADVENTO


ESQUEMA DO ADVENTO

         O tempo do Advento tem uma duração de quatro semanas. Este ano começa no domingo, dia 30 de novembro, e se prolonga até a tarde do dia 24 de dezembro, em que começa propriamente o Tempo de Natal. Podemos distinguir dois períodos. No primeiro deles, que se estende desde o primeiro domingo do Advento até dia 14 de dezembro aparece com maior relevro o aspecto escatológico e nos orienta à espera da vinda gloriosa de Cristo. As leituras convidam a viver a esperança na vinda do Senhor em todos os seus aspectos: SUA VINDA NO FIM DOS TEMPOS, SUA VINDA AGORA, EM CADA DIA, E SUA VINDA HÁ DOIS MIL ANOS.
        

         No segundo período que abarca desde 15 de dezembro até 24 de dezembro, inclusive, se orienta mais diretamente à preparação do Natazl. Somos convidados a viver com mais alegria, porque estamos próximos do cumprimento do que Deus prometera. Os evangelhos destes dias nos preparam diretamente para o nascimento de Jesus. Com a intenção de fazer sensível esta dupla preparação de espera, a liturgia suprime durante o Advento uma série de elementos festivos. Desta forma nas Celebrações não há canto do Hino de Louvor (Glória); reduz-se a música com instrumentos, os enfeites festivos, as vestes são de cor roxa, o decorado da Igreja é mais sóbrio, etc. Todas estas coisas são uma maneira de expressar sensivelmente que, enquanto dura nosso peregrinar, nos falta algo para que nossa alegria seja completa. E quem espera. É porque falta algo. Quando o Senhor se fizer presente no meio de seu povo, haverá chegado a Igreja à sua festa completa,
expressada pela Solenidade do Natal.


       Temos quatro semanas nas quais de domingo a domingo vamo-nos preparando para a vinda do Senhor. A primeira das semanas do Advento está centralizada na vinda do Senhor no final dos tempos. A liturgia convida a estar vigilante, mantendo uma especial atitude de conversão. A segunda semana nos convida por meio de João Batista a preparar os caminhos do Senhor, isto é, a manter uma atitude permanente de conversão, pois a conversão é um caminho que se percorre durante toda a vida. A terceira semana prenuncia já a alegria messiânica, pois já está cada vez mais próximo  o dia da vinda do Senhor. Finalmente na quarta semana nos fala do advento do Filho de Deus ao mundo. Maria, é a figura central, e sua espera é modelo e estímulo da nossa espera.


       Quanto às leituras da liturgia dominical, as primeiras leituras são tomadas de Isaias e dos demais profetas que anunciam a Reconciliação de Deus e, a vinda do Messias. Nos três primeiros domingos se recolhem as grandes esperanças de Israel, e no quarto, as promessas mais diretas do nascimento de Deus. Os salmos responsoriais cantam a salvação de Deus que vem; são orações pedindo Sua Vinda e Sua Graça.As segundas leituras são textos das Epístolas de Paulo ou das demais epistolas apostólicas, que nos exortam a viver em espera da vinda do Senhor.

       A cor dos paramentos do altar e vestes litúrgicas é o roxo, igual à Quaresma, que simbolizam austeridade e penitencia. São quatro temas que se apresentam durante o Advento.

I Domingo
      A VIGILÂNCIA na espera da vinda do Senhor. Durante esta primeira semana as leituras bíblicas e a pregação são um convite com as palavras do Evangelho: Vigiem e estejam preparados, pois não sabem quando vai chegar o momento”. É importante que como uma família, tenhamos um propósito que nos permita avançar no caminho ao Natal; por exemplo, revisando nossas relações familiares. Como resultado deveremos buscar o perdão de quem ofendemos e dá-lo a quem nos tem ofendido para começar o Advento vivendo em um ambiente de harmonia e amor familiar. Desde então, isto deverá ser extensivo também aos demais grupos de pessoas coma s quais nos relacionamos diariamente, como escola, trabalho, os vizinhos, etc. Esta semana, em família, como em comunidade paroquial, acendemos a primeira vela do Coroa do Advento, de cor roxa, como sinal de vigilância e desejo de penitência.

II Domingo
      A CONVERSÃO, nota predominante da pregação de João Batista. Durante a segunda semana, a liturgia nos convida a refletir com a exortação de João Batista: preparem o caminho, Jesus chega”.  Qual poderia ser a melhor maneira de preparar esse caminho que busca a reconciliação com Deus? Na semana anterior nos reconciliamos com as pessoas que nos rodeiam; como passo seguinte a Igreja nos convida a nos aproximar-nos do Sacramento da Reconciliação, que nos devolve a amizade com Deus que havíamos perdido pelo pecado. Acendermos a vela verde na Coroa do Advento como sinal de esperança em mundo melhor a partir da mudança de nosso coração.
       Durante esta fazer o propósito de buscar o Sacramento da Reconciliação, para estarmos mais preparados interiormente, unindo-nos mais a Jesus e aos irmãos na Eucaristia..

III Domingo
      O TESTEMUNHO QUE MARIA, a Mãe do Senhor, vive, servindo e ajudando ao próximo. Na sexta-feira anterior a este domingo (12 de dezembro) é a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, e precisamente a liturgia do Advento nos convida a recordar a figura de Maria, que se prepara para ser Mãe de Jesus e que, alem disso, está disposta a ajudar e servir a todos os que necessitam. O Evangelho relata a visita de Vigem à sua prime Isabel e nos convida a repetir como ela: “quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?”
       Sabemos que Maria está sempre acompanhando os seus filhos na Igreja, pelo que nos dispomos a viver esta terceira semana do Advento, meditando sobre o papel que a Virgem Maria desempenhou. Propomos fomentar a devoção à Maria rezando o Terço em família. Acenderemos a terceira vela da Coroa do Advento na cor rosa, como sinal de espera alegre.  
                         
IV Domingo
      O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JESUS feito a José e à Maria. As leituras e a pregação, dirigem seu olhar à disposição da Virgem Maria, diante do anúncio do nascimento do Filho de Deus e nos convidam a “aprender de Maria a aceitar a Cristo que é a Luz do mundo”. Como já está tão próximo o Natal, nos reconciliamos com Deus e com os irmãos; agora nos resta somente esperar a grande festa. Como família devemos viver a harmonia, a fraternidade e a alegria que esta próxima celebração representa. Todos os preparativos para a festa que estão neste ambiente, deverão levar as famílias e as comunidades o firme propósito de aceitar a Jesus nos corações. Acenderemos a quarta vela da Coroa do Advento, de cor branca, em sinal da alegria pela vinda do Senhor que se aproxima.