Estamos no Tempo Pascal e com esse tempo
refletimos sobre o evento da Ressurreição de Jesus e sua relação com a
comunidade nascente que, impulsionado pelo Espírito Santo inicia o anúncio do
Ressuscitado levando o povo à conversão com prodígios e milagres. Agora são os
Apóstolos os realizadores dos prodígios com uma grande diferença: Jesus
realizava em seu nome e os Apóstolos realizam em nome do Senhor Jesus.
Uma palavra em grego que define bem as
realizações dos Apóstolos é “PARESIA”,
esta significa: OUSADIA, AUDÁCIA,
DESTEMOR, FORÇA, PODER, enfim os Apóstolos não tinham mais medo dos chefes
do Judaísmo e das autoridades Romanas. Pregavam com autoridade e faziam
milagres que comprovavam suas pregações e o nome de Jesus ia transformando os
corações e os que acreditavam no Senhor só cresciam. Pedro cheio do Espírito
Santo diz com audácia: “eu sei que
vós agistes por ignorância, assim como vossos chefes”, e os chama a conversão. É a Igreja nascente
com a força do Espírito Santo. Puxa!
O que será que precisamos em nossas
comunidades, hoje? Será que essa força – PARESIA
– era somente para os primeiros cristãos? Será que não precisamos também clamar
a Deus que envie este fogo em nossa Igreja hoje? É isso que o Papa Francisco
está nos falando quase todos os dias: “Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os
objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas
comunidades. Uma identificação dos fins, sem uma condigna busca comunitária dos
meios para alcançá-los, está condenada a traduzir-se em mera fantasia. A todos
exorto a aplicarem, com generosidade e coragem, as orientações deste documento,
sem impedimentos nem receios”. (EG 33). “A
comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a
no amor (cf. 1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a
iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às
encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos. Vive um desejo
inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia
infinita do Pai e a sua força difusiva”. (EG 24).
Como vemos o Papa chama a Igreja a uma mudança e a um “sair” para fazer uma
evangelização eficaz que possa mudar a sociedade. E devemos ter a certeza que a
sociedade somente irá transformar e teremos um lugar melhor para viver à medida
que as pessoas se encontrarem com o Senhor da Glória.
Olha
a Palavra: “Quem diz: 'Eu conheço a Deus', mas não guarda os seus mandamentos,
é mentiroso, e a verdade não está nele”. Então
não adianta saber que Jesus é Deus e salvador, não adianta conhecer a história
da vida de Jesus, isso o Demônio também conhece. Precisamos de um encontro
pessoal com Jesus, um encontro que possa mudar nossa vida por inteira. Algo que
abale nossas estruturas e que jamais seremos as mesmas pessoas. Jesus deu sua
vida na cruz para que tenhamos essa vida nova, não vamos desperdiçar as
abundantes graças que Cristo nos conquistou, pois “Naquele, porém, que guarda a
sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”.
Como vemos no Evangelho tudo o que Jesus fez e
ensinou não ficou claro aos Apóstolos e discípulos, tinham dificuldades de
entenderem, pois na verdade a mudança de conceitos e pensamentos era muito
radical. Tudo o que haviam aprendido no Judaísmo agora cai por terra. Esse
vinho novo que Jesus traz é muito revolucionário e completamente adverso do que
esperavam. Jesus se encontra com os discípulos que estavam indos para Emaús e
explica para eles a Escritura – “Já não
estava tudo escrito...?”. E agora
com os Apóstolos e Discípulos Jesus diz: “Assim está
escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e no
seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as
nações, começando por Jerusalém”. E nós?
Será que procuramos entender os sinais de Deus para o nosso tempo? Será que
sabemos interpretar as escrituras dentro dos problemas que nos cercam hoje?
Será que não somos muito simplistas e indiferentes ao ponto da Igreja nos falar
tanto e não darmos conta que é a Palavra de Jesus para nós hoje. Quando o Papa
escreve uma Carta Apostólica, que é uma norma da Igreja e que tem que ser
seguida, procuramos ler, conhecer e aplicar em nossa vida e comunidade?
Não basta Cristo Ressuscitar dos mortos é
necessário que Ele ressuscite em nosso coração, em nossa vida, em nossas
atitudes... Que Ele possa fazer de nós um anunciador do Reino: “No seu nome, serão
anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações”. Que essa profecia aconteça em nosso meio,
que anunciemos com destemor, com ousadia, com vigor sem medo, podem nos levar
ao sacrifício o que irá nos importar é levar o amor de Deus ao próximo para que
ele conheça o Deus altíssimo, nosso Redentor Jesus e o Espírito Santo Paráclito
consolador.
Hoje, ouvi um testemunho de um Padre que foi
amigo e companheiro de missão da Irmã Dorothy. Ele disse que um dia ela estava
indo a pé por uma estrada de terra a uma comunidade para evangelizar e no
caminho foi abordada por dois homens que perguntaram: - A senhora está com
arma? Ela disse: - sim. E naquele momento ela tirou a Bíblia da mochila,
apresentou sua arma e começou a ler as “Bem Aventuranças” para eles. Neste
momento os homens cravaram seis balas em seu corpo. Isso é PARESIA, isso é Espírito Santo em ação, esta é a marca de Cristo
ressuscitado.
Antonio Com Deus
3º
Domingo da Páscoa ano B - 2015
1ª Leitura - At 3,13-15.17-19
Vós matastes o autor da
vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos.
Salmo - Sl4,2.4.7.9 (R. 7a)
R. Sobre nós fazei brilhar o esplendor de
vossa face!
2ª Leitura - 1Jo 2,1-5a
Ele é a vítima de
expiação pelos nossos pecados, e também pelos pecados do mundo inteiro.
Evangelho - Lc 24,35-48
Assim está escrito: o
Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia.