Como sempre o Papa comentou a leitura evangélica, em que São Lucas conta que durante uma viagem em direção a Jerusalém, Jesus foi abordado por uma pessoa que lhe perguntou: “Senhor, são poucos os que se salvam?”. Jesus não respondeu diretamente, mas deslocou o debate para um outro plano dizendo: “esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque muitos, digo-vo Eu, tentarão entrar sem o conseguir”.
O que Jesus quer dizer, através desta simbologia
da porta – explicou o Papa – é que não se trata duma questão de número, mas do
caminho que conduz à salvação. Um percurso que prevê que se atravesse uma
porta. E essa porta é Jesus, que nos conduz ao Pai, onde encontramos amor,
compreensão e proteção. Mas porque é que essa porta é estreita – perguntou
Francisco:
“É
uma porta estreita não porque seja opressiva, mas porque nos pede para
restringirmos e contermos o nosso orgulho e o nosso medo, para nos abrirmos com
coração humilde e cheio de confiança a Ele, reconhecendo-nos como pecadores,
necessitados do seu perdão. A porta da misericórdia de Deus está sempre aberta
de par em par para todos! Deus não faz diferença, mas acolhe sempre a todos,
sem distinção. E a salvação que ele nos dá é um fluxo incessante de
misericórdia que derruba todas as barreiras e abre surpreendentes perspectivas
de luz e de paz.”
A porta é estreita, mas está sempre aberta de
par em par – insistiu Francisco, exortando-nos todos a não esquecer este
aspecto. “Porta estreita, mas sempre
aberta de par em par”.
Jesus – prosseguiu o Papa – lança-nos, mais
uma vez um premente apelo a “ir para Ele, a atravessar a porta
da vida plena, reconciliada e feliz.”
Ele espera cada um de nós, independentemente do pecado que tenhamos cometido,
para nos abraçar e nos perdoar. Entrando pela porta de Jesus, a Porta da fé e
do Evangelho, poderemos abandonar as atitudes mundanas, os maus hábitos, os
egoísmos, os fechamentos.
“Quando
há o contato com o amor e a misericórdia de Deus, há uma mudança autentica. E a
nossa vida é iluminada pela luz do Espírito Santo: uma luz inextinguível.”
Depois Francisco convidou os presentes a
pensarem um pouquinho, em silêncio nas coisas que temos dentro de nós e que nos
impedem de atravessar a porta: “o meu
orgulho, a minha soberba, os meus pecados. E depois pensar na outra porta,
aquela aberta de par em par pela misericórdia de Deus que do outro nos espera
para nos perdoar, pensemos nestas duas portas…”
O Papa continuou convidando a não desperdiçar
as numerosas ocasiões de salvação e a entrar pela porta da salvação que Deus
nos oferece. Não se trata – adverte Francisco – de fazer discursos académicos
sobre a salvação, mas de colher as ocasiões de salvação, até porque,recorda o
Evangelho deste domingo, a um dado momento, “o dono da casa pode
levantar-se e fechar a porta”.
Mas se Deus é bom e nos ama – faz notar o
Papa – porque fecha a porta? Porque – responde Francisco – a “nossa vida não é um videojogo ou uma telenovela; a nossa vida é séria e
o objetivo a atingir é importante: a salvação eterna” .
E o Papa exortou todos a pedirem a Nossa
senhora, Porta do Céu, para nos ajudar a acolher as ocasiões que o Senhor nos
oferece para atravessar a “porta
da fé e entrar assim numa via mais larga: é a estrada da salvação capaz de
acolher a todos os que se deixam envolver pelo amor. É o amor que salva, o amor
que já aqui na terra é fonte de beatitude de quantos, na humildade, na paciência
e na justiça se esquecem de si e se doam aos outros, especialmente aos mais
fracos”.
Depois de rezar com os fiéis o Angelus em
latim, o Papa disse ter recebido a
triste notícias de um atentado sangrento que atingiu ontem a Turquia, pedindo
para rezarmos pelas vítimas, pelos mortos e os feridos e para pedirmos o dom da
paz para todos.
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