“Irmãos,
estai sempre alegres! Orem sem cessar. Daí graças em todas as circunstancias,
porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (Ts 5,16-18)
O terceiro domingo do Advento, no
qual pode ser usado a cor litúrgica roxo ou o róseo é chamado DOMINGO
GAUDETE Isto se dá em
virtude do intróito (O “Intróito” seria o “canto inicial” da Missa, acompanhado
pela melodia gregoriana. No ambiente paroquial esse “introito” é quase sempre
substituído por um canto popular) da
Missa desse dia que, em latim, se diz Gaudete in Domingo sempre iteumdico, gaudete. Domingo
eninprope est. Trata-se de um trecho de Filipenses 4,4-5 que,
traduzido significa Alegrai-vos sempre no Senhor, isto mesmo vos digo,
alegrai-vos. O Senhor está perto. Como o verbo iniciail é o verbo gaudere,
que no imperativo fica gaudete, essa primeira palavra acabou dando o “nome” a
esse domingo. Nesse domingo, semelhante o que acontece no domingo Laetare,
na Quaresma, nos alegramos pela proximidade da grande solenidade que estamos a
esperar, no caso o Natal do Senhor.
A
primeira leitura, um trecho chamado “Trito-Isaias”, nos apresenta nos dois
primeiros versículos, a vocação do profeta. O profeta foi ungido, ou seja
tornou-se um “Messias”, foi envolvido com o espírito de Deus para anunciar a
boa nova aos pobres, curar as feridas da alma, pregar a redenção dos cativos,
dar liberdade aos presos, a proclamar um ano de graça do Senhor, O segundo
trecho lido nesta liturgia, os vv. 10-11, trazendo uma ação de graças. Para
expressar a intensidade de sua ação de graças o autor sagrado utiliza, como é
próprio no hebraico, a expressão “Exultando, exultei”, que em português, o nosso lecionário traduz como “Exultando de alegria”. O
autor sagrado quer destacar a alegria do profeta, que percebe a salvação vinda
de Deus como uma “veste” de salvação, como um “manto” de justiça, como os “adornos
de uma noiva ou de um noivo”. Por fim, a leitura termina com a proclamação
da ação gloriosa de Deus, que fará sua “justiça”
e seu “louvor” aparecer na terra
diante de todas as nações. O texto do lecionário traz o tema hebraico “theilá” por glória, embora o seu sentido
seja “oração de louvor”.
Essa leitura, está
conectada com o mistério que estamos para celebrar. A justiça de Deus, o seu
louvor, é o Cristo, que, no mistério do seu Natal, foi manifestado na terra adiante
de todas as nações. Em Cristo é que a justiça do Pai, que é Salvação, se
manifestou para nós. O sacrifício do Senhor, sua cruz, foi o máximo de louvor
oferecido ao Pai no Espírito. A liturgia da Igreja é sempre atualização desse
mistério único, porque só assim o Pai pode ser perfeitamente louvado. Em Lc 4,
18-21, Jesus vai dizer que essa profecia se realizou plenamente Nele.
O evangelho de
hoje nos faz olhar mais uma vez para a figura de João Batista. Os vv. 6-8
pertencem ao chamado “prólogo de João”
onde o evangelista desenvolve o tema da pré-existência de Cristo: “No principio
era o Verbo...” Ouvimos hoje os dois
versículos do prólogo que fazem menção a João. João veio como “testemunha”, para dar “testemunho
da luz”. João não era a luz, mas veio dar “testemunho da luz”.
Nos versículos 19
a 28 temos a descrição do seu testemunho. João começa dizendo que João Batista
veio como testemunha e, agora, ele descreve como que concretamente esse
testemunho se deu. João está batizando e, ao ser perguntado se ele era o
Messias ou o profeta, pronta e humildemente ele nega e diz a verdade sobre si
mesmo: “Eu
sou a voz que grita no deserto, aplanai o caminho do Senhor”.
João Batista, anuncia ainda que o seu batismo é
prefiguração de um outro porque depois virá alguém maior, do qual ele se sabe
indigno de desatar até mesmo a correia dos calçados.
Somos chamados nesse tempo do
Advento a imitáramos as virtudes das personagens bíblicas com as quais vamos
travando contato através da escuta cotidiana da Palavra de Deus. João Batista
é, sem dúvida, uma figura eminente. Assim como ele, também nós somos chamados a
ser “testemunhas da luz”. A luz é o
Cristo. O próprio Credo Niceno-Constantinopolitando nos ilustra isso quando diz
que Ele, o Cristo é “Luz da Luz”. Ele
veio iluminar os homens, mas quer escolher alguns para serem suas testemunhas.
Não somos a luz, não somos perfeitos, erramos e muito, mas devemos buscar
acertar e jamais podemos nos calar e deixar de testemunhar.
O testemunho pode sair caro, pode
custar a nossa própria vida. Foi assim, ao menos, com João batista, mas o medo
não pode nos paralisar. Se Deus quer contar conosco devemos nos engajar no seu
projeto amoroso a fim de sermos suas autenticas testemunhas.
Assim
como João precisamos reconhecer a verdade sobre nós mesmos. Nós não somos os
salvadores, mas somos servos daquele que veio nos salvar. Nós não somos a
verdade, mas somos mensageiros da VERDADE,
Cristo, que quer contar conosco para levarmos adiante a Boa Nova do seu
Evangelho.
Que
os dias que ainda restam neste tempo de Advento sejam uma oportunidade para nos
encontramos com a VERDADE que é o Cristo. Que Ele que é Luz, ilumine as trevas
do nosso coração, e nos leve a uma atitude firme e verdadeira de conversão. Que
sejamos suas “testemunhas” a fim de
espalharmos no mundo a Boa Nova da salvação
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