“Eu vos batizo com água, mas virá Aquele que é mais forte do que
eu...Ele vos batizará no Espirito Santo e no fogo” (Lc 3,16)
A
celebração do Batismo do Senhor nos exige um compromisso de liberdade, que
muitas vezes, foi obscurecido por uma exacerbada religiosidade descomprometida
com a prática do Evangelho. Os textos de hoje são absolutamente explícitos. O julgamento
misericordioso das nações será vingado pelo servo eleito, amado e dileto. “Não clama nem levanta
a voz (...) Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega,
mas promoverá o julgamento para obterá verdade. Não esmorecerá nem se deixará
abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra”Para que não
reste nenhuma dúvida, o profeta declara que a prática da justiça será abrir os
olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão e livrar do cárcere os que se vivem
nas trevas. O livros de Atos nos assegura e alerta que
“Deus não faz distinção entre as pessoas.
Pelo contrário, Ele aceita quem O teme e pratica a justiça, qualquer que seja a
nação a que pertença”. O
Evangelho nos desvela que o Batismo de Jesus não foi nada extraordinário. Quando
todo o povo estava sendo batizado no Jordão se solidariza com os pecadores que
buscam conversão. E por seu batismo na cruz extingue, pelo corpo entregue e
sangue derramado, toda miséria do desamor cristalizada no pecado do mundo. Tudo
o que acontece entre seu batismo e sua morte na cruz testemunha, com toda a sua
visibilidade, o amor de Jesus. Nele, cumpriu-se o profeta Isaias:“Eis o meu servo, eu
o recebo; eis o meu eleito, nele se compraz a minha alma; pus meu espirito
sobre ele, ele promoverá o julgamento da nações” (Is 42,1)O Senhor
inverte a realidade política: quem recebe o poder do julgamento de Deus é um
Servo. Como Jesus, o Cristo, somos ungidos pelo Batismo para
corrermos riscos e não para nos aninharmos numa vida medíocre e fútil que nos
alienado mundo e nos encerra em redoma de autossatisfação religiosa. A
exigência de uma conversão permanente é, provavelmente, mais difícil para nós
cristãos, tantas vezes orgulhosos de nossas certezas e seguranças, do que para
os outros. Talvez esteja mais perto de uma metanóia“quem não aceita uivar com os lobos, nem
zurra com os asnos” (provérbio africano). Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça!
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