sábado, 16 de maio de 2015

FESTA DA ASCENSÃO DO SENHOR



A ASCENSÃO DO SENHOR (17/5/2015)

Cristo volta ao Pai. E daí?
Daí é que começa o tempo da comunidade, o tempo da Igreja. Não ainda com o vigor de Pentecostes, mas com a esperança do cumprimento da promessa da comunicação do Espírito Santo de Amor

A Ascensão de Jesus é a festa da coerência que O fez fiel em todo caminho que garantiu a História da Salvação (Lc 24, 44-45). Elr volta ao Pai como o fiel! Por isso, Lucas atesta que Jesus é exaltado pelo Pai (At 5,31)
A Ascensão é consequência da Ressurreição. Sem a Ressurreição o projeto do Pai e a missão de Jesus não teriam realizado. Nem o Espírito Santo poderia ser comunicado. A Ascensão é, pois, uma festa Pascal.
Jesus insistia: primeiro Ele deve voltar ao Pai; segundo, para ambos enviarem o Espírito Santo (Jo 14, 15-29;16,7)
Na Ascensão Jesus Cristo volta ao céu diferente de quando Ele desceu à terra . Quando Ele nasceu, um ser divino se fez humano; na volta um ser humano se fez divino. Quem se fez carne e gente, retorna comom carne e gente. É algo muito novo no céu!

O TEMPO DA IGREJA
Também é de se notar que as comunidades dos discípulos iniciam o tempo da Igreja (comunidade) na Ascensão. O próprio Jesus manifesta confiança na fidelidade deles entregando-lhes a continuação do projeto do Pai para a humanidade. Assim, a Ascensão é o momento do compromisso dos discípulos com o testemunho com que irão apresentar-se ao mundo. A prova de que são continuadores de Cristo é o testemunho, como o próprio Jesus lhes falou: Vocês serão levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações” (Mc 10, 18). O testemunho é essencial para dar conta da missão. E vocês são testemunhas disso” (Lc 24,45-48). E eles se apresentavam como tais: Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez na Judéia e em Jerusalém” (At 10, 39)
A Ascensão é uma grande festa Pascal!

RECORDAÇÃO DA CATEQUESE DE LUCAS
Ascensão - a missão de Jesus de Jesus Cristo está quase completa. A missão de Jesus não termina com o retorno ao Pai. A missão estará completa com a comunicação do Espírito Santo.

Estamos na catequese de Lucas, em Atos dos Apóstolos (2,1-13). Lucas é o catequista inteligente, religioso e criativo. Ele procura a maneira mais didática de tornar as coisas de Deus compreensíveis ao povo. O modo que escolheu foi a maneira de os próprios judeus celebrarem a festa de Pentecostes. Lucas aproveitou os costumes judaicos para apresentar o ensinamento cristão.
Recordamos, então, que os judeus celebravam a festa da plantação (semeadura) na Páscoa. Era festa agrícola. Mais tarde juntaram o aspecto religioso. Junto com a plantação, colocaram a festa de comemoração da libertação do povo da escravidão do Egito.
Com a libertação da escravidão, Deus começa a plantar um novo povo que Ele próprio escolheu, para iniciar a História da Salvação.

A semente era a liberdade. Sobre a liberdade o povo iriai se desenvolver até chegar a colheita. A festa judaica da colheita celebrava a terra fecunda que produziu alimento para o povo. Também uma festa agrícola que os judeus tornaram religiosa. Como?
FESTA DAS SEMANAS
Depois da festa da Páscoa, durante sete semanas (49 dias) o povo celebrava o tempo que a terra precisava para dar seu fruto. O numero 7 siginifca a perfeição, no caso, tempo necessário até a época da colheita. Estamos no estilo simbólico. Depois de sete semanas ou 49 dias, no 50º dia, começava a colheita. O aspecto religioso acrescentado celebrava a Lei (Mandamentos) que o povo recebeu no Monte Sinai. Essa Lei iria orientar o povo livre para se organizar com igualdade de direitos e de deveres para todos, povo solidário. Era a festa de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa (Ex 34,22; Nm 28,26)

O ACRÉSCIMO CRISTÃO
Lucas aproveita-se do simbolismo bonito e cheio de significado para acrescentar a catequese cristã. O ano litúrgico segue esta catequese de Lucas.
A Páscoa Judaica, no Cristianismo, passa a ser libertação do povo da escravidão do pecado. O povo está livre do pecado para iniciar o seguimento do novo Povo de Deus. Em vez da escravidão do pecado, agora, a liberdade da graça.

No ano litúrgico cristão, celebramos o Tempo Pascal, nos ste Domingos (semanas) da Páscoa da Ressurreição.
O Pentecostes Cristão acontece no dia seguinte aos 49 dias da Páscoa. No 50º (quinquagésimo) dia, o novo Povo de Deus recebe a nova Lei do Amor. Esta Lei do Amor é a característica do povo cristão: todos se comunicam, no Amor, com a mesma igualdade, responsabilidade e solidariedade. É o novo relacionamento entre as pessoas.

No ano litúrgico cristão, o Domingo de Pentecostes encerra o Tempo Pascal. Faz parte do Tempo Pascal. Completa o Tempo Pascal. A missão de Jesus, de certa forma, chega ao final glorioso pela comunicação do Espírito de Amor. Jesus e o Pai comunicam o próprio Amor com que eles se amam na Trindade. O Amor é a Lei que mostra quem se identifica com o projeto da nova criação e da nova humanidade.

LUCAS E JOÃO
O Evangelho de João tem catequese diferente da de Lucas. João apresenta Jesus comunicando o Espírito Santo na própria noite da Ressurreição (Jo 20, 19-22). Lucas aproveita o simbolismo das festas judaicas que o povo conhecia e celebrava: coloca a comunicação do Espírito 50 dias depois da Páscoa.

O essencial é que a catequese dos dois apresenta a comunicação do Espírito Santo como coroa da missão de Jesus Cristo. Cada qual tem maneira diferente de revelar o mistério de Deus no Espírito Santo, Amor entre o Pai e o Filho. O Dom que nos é dado!

MARCO E MATEUS
Os dois silenciam sobre a comunicação do Espírito Santo como no aparato de Lucas.
 O momento forte do Espírito Santo é com relação a Jesus Cristo, Ele próprio o “recebe” por ocasião do Batismo no Rio Jordão: depois de ser batizado, Jesus logo saiu da água. Então o céu se abriu, e Jesus viu o Espírito Santo, descendo como uma pomba e pousando sobre Ele (cf. Mc 1,10; Mt 3,16)
Marcos e Mateus salientam a promessa de Jesus que o Espírito Santo estará sempre presente nos conflitos que os seguidores Dele terão que enfrentar por causa da missão. O Espírito Santo dirá o que falar e o que fazer para testemunhar com coragem , convicção, coerência e fidelidade. (Mc 13,11; Cf. Mt 10,19-20)

O ANO LITURGICO
O Ano Litúrgico segue a catequese de Lucas como maneira pedagógica para educar a vivência religiosa do Povo de Deus.
Na catequese de Lucas, a Ascensão de Jesus é a volta ao Pai. Para quê? Para cumprir o que Ele próprio havia prometido: Ele e o Pai se comprometeram de comunicar o Espírito Santo. Para quê? Para as comunidades não ficarem com receio da enorme responsabilidade de construir o novo Reino, sozinhas. O Espírito de Amor permanecerá para sempre, a fim de que as comunidades possam discernir no Amor o que convém e o que não convém ao projeto de Deus.

A IMPORTANCIA DA GALILÉIA     
Há muitos significados em tantos textos dos Evangelhos ao indicarem a Galiléia como inicio do ministério e, também encerramento das atividades de Jesus Cristo.
A Galiléia era a região mais pobre do território da Palestina do Antigo Testamento. A evidência de que Jesus faz questão de começar pelos pobres o seu ministério é total. Se o Reino era para servir aos pobres, nada mais significativo que fazer o anúncio da boa notícia, lá na terra dos pobres.
Também na Galiléia terminou o ministério e, de lá, Jesus retorna ao Pai. São indicações claras da preferência de Cristo.
Por fim, se dali Jesus começou o ministério a serviço dos pobres, é natural que também  seu discípulos iniciassem a missão a partir da Galiléia.
O próprio Jesus nunca se sentiu ofendido por ser chamado Galileu. Até a placa que Pilatos mandou colocar no alto da cruz se referia a Jesus Nazareno  (Nazaré fica na Galiléia). Tal era a identidade de Jesus Cristo com os pobresos prediletos do Reino!

A GALILÉIA, COMEÇO E RECOMEÇO
Na atividade evangelizadora de Jesus Cristo e dos discípulos, a Galiléia aparece com significado muito especial e profundo.
Jesus inicia seu ministério na Galiléia: Mt 4,12-16; Mc 1,14-15; Lc 4,14-16;Jo 1, 43 e 2,1. Jesus encerra seu ministério na Galiléia: Mt 28, 7 e 16-20; Mc 16,6-7 e 16-20.
A missão dos discípulos começa exatamente na Galiléia. É a missão de continuar a ação libertadora de Jesus em vista da vida para todos. Jesus continuará presente no mundo pela prática da comunidade dos discípulos.
Continuar a ação libertadora não é repetir o que Jesus fez. É libertar de novas opressões com ações adequadas, mas inspiradas no agir de Jesus Cristo.
A  Campanha da Fraternidade é uma dessas ações libertadoras da comunidade (Igreja) , em cada ano vendo o que mais oprime o povo.

JERUSALÉM
Lucas optou por valorizar o simbolismo de Jerusalém porque ela é centro e referência de todo o Judaísmo.
 Jesus encerra o período de atividades na Galiléia (Lc 4,14-9,50)e inicia dali a longa viagem a caminho de Jerusalém (Lc 9,51-19,27).
Jesus reserva para Jerusalém os momentos fortes de sua pregação. É ali também que enfrenta a reação dos poderosos com a morte de cruz. Igualmente é ali que acontecem os fatos da Ressurreição, Ascensão e Pentecostes. Em Jerusalém - centro e símbolo da Antiga Aliança, da Lei e do Templo- surge a Nova Aliança, o Novo Templo, a Nova Lei, o Novo Povo de Deus.
Em Jerusalém começa o novo estilo de relacionamento fraterno nas primeiras comunidades cristãs. De Jerusalém partem os discípulos de Jesus Cristo em direção aos confins do mundo.

DIA MUNDIALA DAS COMUNICAÇÕES
Na festa da Ascensão do senhor, comemoramos o Dia Mundial das Comunicações: JESUS RECOMEDOU A BOA NOTICIA DO EVANGELHO A TODAS AS CRIATURAS.
Com os meios de comunicação, televisão, em especial, frequentemente surge polêmica por causa da abordagem dos temas religiosos. Qual será o critério? Creio que,
·         primeiro, a emissora trate com respeito a religião,
·         segundo, não agridam, nem permitam agressões entre as religiões
·         e terceiro, destaque profissionais habilitados para a cobertura de assuntos religiosos.
E, a nós cabe fornecer assessoria de imprensa com gabarito.
Da parte dos telespectadores, cada qual use o senso critico de acordo com sua crença religiosa. A oportunidade poderá até servir para um balanço de firmeza de suas convicções.
O Dia Mundial das Comunicações é a única celebração sugerida pelo Concílio Vaticano II no decreto “Inter Mirifica”

E... a nossa comunicação?
Nossa especialidade não são apenas os meios de comunicação, mas a própria comunicação. Nós entendemos comunicação como o processo de relações fraternas entre as pessoas para construir a comunicação. O nosso Deus-Trindade, que é relação entre as três pessoas divinas, não poderia ter criado a pessoa humana para a solidão. Mas a criou para a comunhão. O relacionamento entre as pessoas humanas não se faz com um instrumento, mas com outra pessoa. Daí também estar atentos para que a relação entre as pessoas da comunidade esteja em franco processo de comunhão fraterna.

ECUMENISMO
A chama da oração sacerdotal de Jesus (Jo 17) revela a intimidade de Jesus Cristo com o Pai, donde ressalta a absoluta unidade com Ele. Dessa intima união com o Pai decorre a união de todas as pessoas entre si, porque o Espírito de Amor é o mesmo. É um apelo forte ao ecumenismo.
Com a intenção de reforçar o ecumenismo, da Ascensão até Pentecostes, realiza-se a Semana de Oração péla Unidade dos Cristãos. Cada ano esta semana propõe uma passagem bíblica como fonte de reflexão.
Que todos sejam um é o mandato de Jesus Cristo. O modelo é a união Dele com o Pai: Como Tu, Pai,estás em Mim e Eu em Ti. Essa unidade é possível na força do Amor. Quando se fala em Amor, fala- se em Espírito Santo. O Espírito Santo é a força da união de todos os que aceitam Cristo em sua vida.Não se discrimina a pessoa pela confissão religiosa: é cristão (ã) é chamado (a) à unidade. Logo, resistir ao apelo do Amor é resistir ao Espírito Santo.
Rejeitar uma pessoa por causa de outra religião é rejeitar a união no Espírito Santo de Amor. A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos procura desfazer os receios, as inimizades, as incompreensões. Para que, em tudo e sempre, reine o Amor.
          


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